Carta ao Gualberto
São Paulo, 14 de Agosto de 2016.
Querido Gualberto,
Treze anos. Esse foi o tempo que durou nosso casamento. Nos conhecemos no início de 2001, mais precisamente em meados de janeiro. Eu acabara de retornar de uma estadia de três anos no interior de São Paulo. Era jovem, cheio de vigor. Você, já mais experiente, completava trinta e cinco anos.
Mudamos muito durante esses anos. Eu cresci, não muito, aprendi, evoluí. Você também cresceu, envelheceu, se modernizou, melhorou. Nossa relação teve altos e baixos, verdade. Mas se manteve saudável. Choramos juntos, rimos juntos, conhecemos pessoas novas, nos despedimos de algumas e assim chegamos até onde chegamos.
O divórcio ocorreu de maneira amigável, por um motivo que até hoje não sei explicar muito bem. Lembro me do dia que nos despedimos. Não chorei, mas foi como uma parte de mim se desligasse de meu corpo de maneira forçada, dolorosa. Até hoje, dois anos depois, ainda sinto as dores da separação.
Enfim, venho hoje, no dia em que você completa cinquenta anos, te escrever esta carta, para te dizer que ainda lhe amo. Amo muito. Tenho saudades sim, mas sei que é hora de seguirmos nossos caminhos. Mas não se preocupe, nunca deixarei de ir te visitar. Quando me sentir só, sei que basta eu pensar em ti que já me alegro. Pois é como diz uma frase de um velho sábio: “O Gualberto sempre acolhe aquele que o procura”. Agora, adeus, ou melhor, até logo.
Com todo meu amor,
Carlos Eduardo Carlini.