Operação Carne Fraca ou Operação Desvia Foco?
A operação deflagrada pela Polícia Federal do Paraná (novamente), investiga um suposto esquema de corrupção envolvendo grandes empresas dos setor de frigoríficos. Segundo a PF, marcas como Seara, Friboi, Perdigão e Sadia chegaram a vender carne podre.
Deixando um pouco de lado o mérito da questão (se as empresas são inocentes ou não), o fato é que a notícia vinculada na sexta – feira passada mexeu com diretamente com os debates em curso na população e mídia. A maioria dos programas jornalísticos, abordavam até aquele momento a questão da reforma da Previdência e as manifestações de quarta – feira, que tinham tom contrário a proposta. De repente, surge mais um escândalo de corrupção, desta vez em outro setor forte da economia nacional – os frigoríficos. Pronto, todas as atenções agora estão voltadas para o desfecho de mais esta investigação.
Não que seja contra as investigações. Muito pelo contrário, as defendo totalmente. Porém, cá entre nós, muita coincidência elas aparecerem agora, não acha?
Isso me lembra uma velha teoria jornalística – a do Agenda Setting – onde pautas são literalmente agendadas, para atender interesses particulares ou de determinado público. É uma prática bem comum, principalmente por veículos que dependem de anunciantes e patrocínios.
Um exemplo bem simples: Imagine que determinada empresa farmacêutica vai lançar um novo remédio para combater a doença X. Essa empresa, por meio de seu departamento de comunicação, vai preparar um “release” – que é um texto jornalístico com intuito de promover determinada marca ou cliente – e entrará em contato com meios de comunicação – revistas , jornais, emissoras de TV e rádio – para que publiquem sua “reportagem” ou produzam outra relacionada ao assunto. Muitas vezes, conseguem de graça por já serem patrocinadores do veículo, outras vezes, são pagam pelo serviço, a conhecida venda de editorias. E pronto, pauta agendada. Daí pra frente, cabe ao jornalístico “arranjar” um contexto para publicação da matéria. No nosso caso, provavelmente uma notícia de epidemia ou reaparecimento de alguns casos da doença X, seguidos de um intervalo comercial com a propaganda do novo remédio, ou em alguns casos a propaganda vem “embutida” na reportagem de maneira subliminar.
Ainda é cedo para se afirmar qualquer coisa a respeito da Operação Carne Fraca. Mas, fique atento, pois o maior poder do jornalismo não está em dizer O QUE você deve pensar, mas NO QUE você deve pensar.
Pra mim não dúvidas sobre interesse político em desviar o foco da Lava-Jato e para aprovação da Reforma da Previdencia.